domingo, 20 de outubro de 2013

Como tudo começou...

É interessante como mudamos ao experimentarmos novas sensações, eu nunca tinha pensado sobre os pés de alguém e a importância de tê-los em perfeitas condições. Pensava sobre leitura, sobre desenvolvimento cerebral, olhos, ouvidos... mas nunca pensei sobre pés. 

Até o dia 22/08/2013, grávida de 22 semanas, realizando a ultrassom morfológica, estava eu diante do melhor médico especialista em ultrassonografias, o dr. Anselmo Verlangieri Carmo, nesse dia tinha convidado minha sogra para ver o bebezinho. O dr. Anselmo passou o gel sobre a barriga, confirmou o sexo do bebê, então me perguntou: “Você está vendo o pezinho dele?” Eu sorri e disse que sim, pouco entendia do que eu via. Ele me fez outra pergunta “Você está vendo que o pezinho está torto?” Eu mais uma vez confirmei que sim, não entendendo o que isso queria dizer. O médico fez silêncio, rodou o aparelho, parou novamente sobre os pés e perguntou: “você está vendo que o pezinho dele está torto?” Eu sorri confirmando e ele repetiu a pergunta mais uma vez. Então eu percebi que tinha algo de errado e ele não estava conseguindo me contar. E por fim eu perguntei: “está torto ou É torto?” E ele disse: “é torto, mas não se preocupe porque depois que nasce tem tratamento”. Olhei pro meu esposo, pro Murilo e fiquei apreensiva. 
 Ao sair da sala eu só pensava em chegar em casa e pesquisar o máximo possível sobre o que era um bebê com pé torto. 

E assim foi. Sempre pensei que o medo vem da ignorância, de não conhecermos o assunto, então para encarar de frente eu precisava conhecer o máximo possível sobre o assunto. Na mesma noite eu li o muito sobre bebês e seus pés tortos, descobri que se chama: PTC – pé torto congênito, encontrei um grupo de mães maravilhosas no facebook e aprendi sobre a técnica do Ponseti, que é a melhor técnica para tratar PTCs. 

Aos poucos vou explicando como se desenvolve o método de tratamento. Perguntas ainda existem? Muitas! Nunca questionei a Deus com o “Por que eu?” Mas na verdade perguntei “Por que não eu?” A cada 1000 bebês que nascem, 1 é portador de PTC. Os médicos não sabem explicar o que leva a tal má formação, o Murilo, meu filho mais velho, não tem. Conheci várias mães que apenas um filho tem, e casos de gêmeos em que um tem e o outro não, então a razão ainda é um mistério. 

 A questão é que por alguma razão desconhecida foi nos dada a chance de aprender um pouco mais, de sermos mais pacientes, de sentirmos mais a proteção Divina e de lutarmos mais arduamente por um filho. E eu já amo meu Enzo e seu pezinho, mesmo sendo torto!

Nem tudo é como planejamos...

A ideia de fazer o blog como um diário acabou não dando muito certo devido à correria do dia-a-dia. 
Mas surgiu a necessidade de escrever, escrever como ato de informar, desabafar, buscar soluções, e tudo mais que envolve o ato de registrar algo. 

Dias antes de fazer a ultrassom morfológica eu tive sérios problemas de cólica de vesícula, a dor era imensa.

Por 3 dias tentei suportar com analgésicos, por várias vezes ia até o pronto atendimento hospitalar, tomava soro e medicações e antes de chegar em casa já tinha cólicas novamente.
Fiz o exame e o diagnóstico foi: pedra na vesícula, a vesícula estava dilatada e a dor podia provocar contrações, para retirada da vesícula, estando gestante de 21 semanas, quase 6 meses, ia precisar tomar uma anestesia geral.
O medo tomou conta de mim.
Não tinha pra onde correr, a única saída era fazer a cirurgia, onde eu e o bebê ficaríamos anestesiados.
Em poucas horas, após o diagnóstico que foi feito na manhã de uma quarta-feira, as 14 horas do mesmo dia, entrei no centro cirúrgico, com muito medo, mas muita fé de que tudo daria certo.

A cirurgia ocorreu como esperado, tudo tranquilo, tirando uma crise asmática que sofri ainda na mesa de cirurgia, mas terminou tudo bem.

Fiquei por mais 30 horas internada em observação até receber alta e poder me recuperar em casa.

Uma semana depois fiz a ultrassom morfológica e tivemos o diagnóstico surpresa do Enzo: - Ele é tem pés tortos congênitos. Os dois pés são totalmente tortos...

Hoje estou gestante de 30 semanas e faltam apenas 8 semanas para conhecer o rostinho do meu Enzo. 

A partir de agora o blog tomará outro rumo, registrar e conversar sobre os pezinhos do Enzo. O Enzo foi diagnosticado na ultrassom morfológica, que é realizada por volta da 22ª semana de gestação, como tendo Pé Torto Congênito Bilateral. É sobre isso que conversaremos. Os pezinhos do Enzo.