É interessante como mudamos ao experimentarmos novas sensações, eu nunca tinha pensado sobre os pés de alguém e a importância de tê-los em perfeitas condições. Pensava sobre leitura, sobre desenvolvimento cerebral, olhos, ouvidos... mas nunca pensei sobre pés.
Até o dia 22/08/2013, grávida de 22 semanas, realizando a ultrassom morfológica, estava eu diante do melhor médico especialista em ultrassonografias, o dr. Anselmo Verlangieri Carmo, nesse dia tinha convidado minha sogra para ver o bebezinho.
O dr. Anselmo passou o gel sobre a barriga, confirmou o sexo do bebê, então me perguntou: “Você está vendo o pezinho dele?” Eu sorri e disse que sim, pouco entendia do que eu via.
Ele me fez outra pergunta “Você está vendo que o pezinho está torto?” Eu mais uma vez confirmei que sim, não entendendo o que isso queria dizer.
O médico fez silêncio, rodou o aparelho, parou novamente sobre os pés e perguntou: “você está vendo que o pezinho dele está torto?” Eu sorri confirmando e ele repetiu a pergunta mais uma vez. Então eu percebi que tinha algo de errado e ele não estava conseguindo me contar. E por fim eu perguntei: “está torto ou É torto?” E ele disse: “é torto, mas não se preocupe porque depois que nasce tem tratamento”. Olhei pro meu esposo, pro Murilo e fiquei apreensiva.
Ao sair da sala eu só pensava em chegar em casa e pesquisar o máximo possível sobre o que era um bebê com pé torto.
E assim foi.
Sempre pensei que o medo vem da ignorância, de não conhecermos o assunto, então para encarar de frente eu precisava conhecer o máximo possível sobre o assunto.
Na mesma noite eu li o muito sobre bebês e seus pés tortos, descobri que se chama: PTC – pé torto congênito, encontrei um grupo de mães maravilhosas no facebook e aprendi sobre a técnica do Ponseti, que é a melhor técnica para tratar PTCs.
Aos poucos vou explicando como se desenvolve o método de tratamento. Perguntas ainda existem? Muitas!
Nunca questionei a Deus com o “Por que eu?” Mas na verdade perguntei “Por que não eu?” A cada 1000 bebês que nascem, 1 é portador de PTC. Os médicos não sabem explicar o que leva a tal má formação, o Murilo, meu filho mais velho, não tem. Conheci várias mães que apenas um filho tem, e casos de gêmeos em que um tem e o outro não, então a razão ainda é um mistério.
A questão é que por alguma razão desconhecida foi nos dada a chance de aprender um pouco mais, de sermos mais pacientes, de sentirmos mais a proteção Divina e de lutarmos mais arduamente por um filho.
E eu já amo meu Enzo e seu pezinho, mesmo sendo torto!